Ooohh faz favor, olha aí o cãozinho!

Um amigo meu queixou-se “estás sempre a olhar para o chão. Isso reflecte a forma como encaras a vida! Tens de abrir o peito e apara-la de frente, cabeça erguida!”.

Então eu decidi: “a partir de hoje, não olho mais para o chão”.

Logo pela manhã, ténis nos pés, chapéu-de-chuva na mão e lá fui eu. Por não ir de olhos fixos no chão apercebi-me da beleza desta cidade, iluminada por este bem que a diferencia de todas as outras cidades europeias: a luz de Lisboa é de facto única, e não é em vão que está imortalizada pela mão de poetas, pintores e sonhadores. Vi que finalmente tinham parado as obras num prédio perto da Estefânia e que as redes sujas dos tapumes escondiam um lindo prédio (dos poucos que não são deixados à sua sorte à espera do triste fim da demolição). Dei conta das pessoas com quem me cruzo todos os dias. São fáceis de identificar, já que a aquelas horas não somos assim tantos a deambular nas ruas.

Depois dei conta de aspectos curiosos. Por exemplo, um escritório por alugar com uma localização perfeita, bem central, junto ao Saldanha, com uma excelente área. Parece-me ideal para quem quer começar um negócio próprio. Melhor ainda se estiver no ramo da pornografia, já que este espaço está localizado mesmo em cima do cinebolso (a banda sonora acompanha qualquer reunião de trabalho).

Cheguei ao meu destino alegre e divertida! Elevador. “Que rica caminhada, cidade bela, ahah, aquele escritório… mas… snif snif. O que raio…”

Pois é. Já sei porque ando sempre de olhos no chão. De que outra forma se evitam aquelas bombas????